Palacete de Trevões / Biblioteca Florbela Espanca

IPA.00004958
Portugal, Porto, Matosinhos, União das freguesias de Matosinhos e Leça da Palmeira
 
Palacete construído no séc. 20, em estilo revivalista e eclético, com planta irregular, composta por corpo principal em T, ao qual se adossam dois corpos rectangulares na fachada principal e posterior. O palacete construído por "torna-viagem", poder-se-á enquadrar na chamada "Casa de Brasileiro", com fachadas caracterizadas por um neobarroco bastante simples, procurando imitar um solar, ritmadas por vãos em verga recta e arco abatido, com alpendre em tripla arcaria, precedido por escadaria de dois lanços curvos e um recto, cunhais apilastrados coroados por pináculos piramidais com bola e na fachada posterior varanda corrida em ferro com guarda e recortes dos arcos com desenhos arte nova. Interior ricamente decorado, com tectos estucados neobarrocos e neorococós, principalmente notório na decoração do Sala dos Espelhos, com recurso excessivo a concheados e cenas galantes típicas do séc. 18. A inspiração das fachadas no solar nortenho foi quebrada pelo uso do esbarro em granito, como se de uma fortaleza se tratasse. A simplicidade das fachadas exteriores contrasta com a riqueza da decoração interior, principalmente notório na Sala dos Espelhos com um jogo de concheados e motivos fitomórficos, formando pesadas molduras nos espelhos e cenas galantes que decoram o tecto.
Número IPA Antigo: PT011308060022
 
Registo visualizado 357 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Residencial unifamiliar  Casa  Palacete  

Descrição

Planta irregular, composta por corpo principal em T, ao qual se adossam dois corpos rectangulares na fachada principal e posterior. Volumes articulados e escalonados de dominante vertical, com corpo da fachada principal mais baixo. Coberturas em telhados diferenciados, de quatro águas no corpo principal e três águas nos corpos secundários. Fachadas de três registos, separados por friso, rebocadas e pintadas de branco, com largo embasamento de cantaria, em esbarro, correspondendo ao piso térreo. Panos enquadrados por cunhais coroados por pináculos piramidais com bola. As fachadas são ritmadas por vãos em arco abatido, no primeiro e último registo e de verga recta no segundo. Remates em cornija sob beiral saliente, precedida por argolas de ferro. Fachada principal a N., com pequeno corpo secundário, correspondente a alpendre, suportado por tripla arcaria plena, com escadaria de granito de dois lanços curvos, com patamar intermédio de ligação a lanço recto. Guarda em balaustrada, com arranque em coluna toscana estriada coroada por esfera. Sobre este alpendre abrem-se duas portas de verga recta. Fachada lateral E., com dois largos vãos envidraçados no primeiro registo, e nos superiores, varanda corrida de ferro, alpendrada, suportada por colunelos, formado na cobertura uma outra varanda, no último registo. Guardas em ferro, possuindo no extremo esquerdo escada helicoidal de ferro, de acesso ao piso superior, e do direito escadaria de um lanço, mais larga na extremidade. Fachada lateral O., com varanda corrida, em granito, no último registo, com guarda em balaustrada. Fachada posterior, com corpo secundário possuindo no último registo arcaria plena envidraçada, em cada um dos panos. INTERIOR correspondendo o andar nobre ao segundo piso, com acesso principal por corredor de circulação que comunica com vestíbulo central, com escadaria de três lanços, com patamares intermédios, iluminada por clarabóia. No primeiro piso desenvolvem-se as salas de atendimento, sector administrativo, arquivos e área de consulta de periódicos e revistas. No segundo e terceiro pisos, encontram-se várias salas da biblioteca, Sala do Conto, uma sala polivalente e áreas administrativas. Estes dois pisos, apresentam pavimento em soalho e tectos estucados, algumas com decoração bastante profusa, essencialmente com decoração fitomórfica. No andar nobre destaca-se a Sala dos Espelhos, usada como polivalente, com lambril apainelado de madeira, com paredes decoradas por painéis e espelhos moldurados por motivos fitomórficos e concheados. A sala demarcada por colunas coríntias que suportam os diferentes painéis que decoram o tecto, com pinturas de cenas galantes, molduradas por grandes concheados e motivos fitomórficos. A antiga Sala de Jantar, também neste piso apresenta lambril de madeira, com painéis de azulejos policromos de figura avulsa.

Acessos

Matosinhos, Rua de Alfredo Cunha; Avenida de D. Afonso Henriques

Protecção

Em vias de classificação

Enquadramento

Urbano, isolado, implantado em quarteirão, envolvido por área ajardinada, com relvado fronteiro. Na proximidade, o edifício da Câmara Municipal de Matosinhos, o Centro Cívico e Biblioteca e o Jardim Basílio Teles, antigo Campo da Feira.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Residencial: casa

Utilização Actual

Cultural e recreativa: museu (em obras)

Propriedade

Pública: municipal

Afectação

Sem afetação

Época Construção

Séc. 20

Arquitecto / Construtor / Autor

FIRMA: Norasil (2016-2017). PINTOR: Atelier Silva e Cia (1912).

Cronologia

Séc. 20, início - Emílio José Ló Ferreira, emigrante Brasileiro *1, manda construir o palacete; 1909, 12 agosto - Emílio José Ló Ferreira recebe o título de Visconde de Trevões; 22 agosto - registo da carta de brasão *2; 1912 - data da pintura do teto da sala dos espelhos, assinada pelo Atelier Silva e Cia; 1913 - conclusão do palacete; 1942 - o Visconde de Trevões morre na sua Quinta de Almodena, em Trás-os-Montes *3; 1955, 31 outubro - aquisição do palacete pela Câmara Municipal de Matosinhos; 1981 - os Arquitetos Alcino Soutinho, José de Miranda e Luís Casal projetam os novos Paços do Concelho e o arranjo de toda a envolvente; 1987, dezembro - início do funcionamento da Biblioteca Florbela Espanca no palacete; 2000 / 2001 - construção, junto ao palacete do novo Centro Cívico e Biblioteca, da autoria do arquiteto Alcino Soutinho; 2014 - Município delibera instalar no palacete a Casa da Memória de Matosinhos; 2015 - previstas obras de adaptação no interior, orçadas em 300 mil euros; prevê-se a transferência do Gabinete Municipal de Arqueologia e História, a MuMa-Rede de Museus de Matosinhos, o Serviço de Gestão da Coleção de Arte Municipal e o Fundo Fotográfico do Arquivo Histórico Municipal; 05 março - publicação do Anúncio de procedimento n.º 1306/2015, em DR, 2.ª série, n.º 45, relativo às obras de recuperação interior, no valor de 249770.00 euros; 2016, 16 junho - publicação da abertura de procedimento de classificação de um conjunto de imóveis, como Monumentos de Interesse Municipal, em Anúncio n.º 147/2016, DR, 2.ª série, n.º 114; 2017, 26 maio - publicação do Anúncio n.º 76/2017, DR n.º 102/2017, 2.ª série, n.º 102, relativo à prorrogação de prazo para conclusão do procedimento de classificação do património cultural das freguesias do concelho como Monumentos de Interesse Municipal.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura, elementos decorativos, cunhais, frisos, cornijas de remate, varandas e escadarias exteriores em granito; portas, janelas, pavimentos interiores, silhares e escadaria interior em madeira; varanda corrida da fachada posterior e algerozes em ferro fundido; tectos de estuque pintado; azulejos tradicionais recentes; cobertura em telha de canudo.

Bibliografia

"Casa da Memória de Matosinhos vai instalar-se no palacete Visconde de Trevões". In Público Online. 04 janeiro 2014; FELGUEIRAS, Guilherme, Monografia de Matosinhos, 1955; NÓBREGA, Alberto de Laura Moreira, NÓBREGA, Vaz Osório da, Pedras de Armas de Matosinhos, Matosinhos, 1960; SOUTINHO, Alcino, Paços do Concelho de Matosinhos, in Arquitécti, Ano I, nº 1, Fevereiro, Venda Seca, 1989; VASCONCELOS, Flórido - Estuques decorativos do Norte de Portugal. Porto: 1991; VIEIRA, André - «Neste palacete vão ser guardadas as memórias de uma terra». In Público. Porto: 25 abril 2017, p. 21.

Documentação Gráfica

DGPC: DGEMN:DSID; CMM: AC

Documentação Fotográfica

DGPC: DGEMN:DSID, SIPA

Documentação Administrativa

CMM: AC

Intervenção Realizada

CMM: 1987 - obras de adaptação a Biblioteca Municipal; séc. 20, anos 90 - diversas obras de reparação; 2017 - conclusão das obras de restauro do imóvel, realizadas pela firma Norasil e orçadas em cerca de 400 mil euros, a que se seguirá a instalação e equipamento do museu, orçada em 300 mil euros; no piso térreo funcionarão os serviços, o gabinete de arqueologia e história, equipado com um laboratório de fotografia; os visitantes serão recebidos por uma versão virtual do anfitrião da casa, o visconde, que fará um resumo do que poderá ser visto no museu e contará a sua história e a da casa que mandou construir; no segundo e terceiro piso far-se-á uma viagem pela história do concelho, desde a pré-história até ao séc. 20, e, no sótão, será montado numa das salas um gabinete com uma câmara de filmar e um microfone onde qualquer pessoa poderá contar histórias relacionadas com o concelho.

Observações

*1 - Emílio Ló Ferreira nasceu em Trevões, São João da Pesqueira e trabalhou como artífice na construção do Porto de Leixões. Emigrou para o Brasil, tendo trabalhado como empreiteiro em algumas obras estatais brasileiras, graças ao seu cumpadre, o Dr. Constantino Nery, Governador do Estado de Manaus. Emílio Ló Ferreira quando enriquece estabelece-se em Matosinhos, com a esposa e dois filhos, mandando construir o Teatro Constantino Nery (v. PT011308060037), como homenagem ao seu cumpadre; *2 - a pedra de armas do palacete, em calcário encontra-se exposta no espaço exterior junto à Câmara Municipal de Matosinhos; *3 - o palacete foi também pertença do Conde da Covilhão e Eurico Felgueiras. Esteve lá instalada a Escola Comercial e Industrial, uma secção do Liceu D. Manuel II e a Escola Preparatória de Matosinhos.

Autor e Data

Isabel Sereno 2001

Actualização

 
 
 
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