Rua Álvares Cabral
| IPA.00006141 |
Portugal, Porto, Porto, União das freguesias de Cedofeita, Santo Ildefonso, Sé, Miragaia, São Nicolau e Vitória |
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Componente urbano. Eixo viário. Rua. Arquitetura residencial, neoclássica, revivalista, arte nova. Edifícios que caracterizam a evolução na arquitetura residencial de charneira, oitocentista e novecentista. Constitui, tanto ao nível da estrutura urbana como do tecido construído, um dos raros ambientes urbanos da transição do Séc. 19 / 20, no Porto, cuja leitura não só é possível como é das mais homogéneas e coerentes. |
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Número IPA Antigo: PT011312040098 |
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Registo visualizado 830 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Conjunto urbano Elemento urbano Eixo viário Rua
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Descrição
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Espaço urbano estruturado ao longo da rua com orientação O. - E., composta por cento e quarenta e quatro lotes retangulares, possuindo na sua maioria seis metros, exceto os dos extremos, ocupados maioritariamente por residências unifamiliares. Frentes urbanas orientadas a N. e S., preenchidas nas faces voltadas para a rua pelas fachadas principais dos prédios e jardim, e logradouro nas traseiras. O tecido que compõe a rua estrutura-se em torno de grandes grupos de construções: os conjuntos formados por unidades residenciais construídas segundo um tipo muito característico do Porto oitocentista, alguns edifícios de caráter utilitário, e as moradias e prédios de rendimento. No que respeita aos primeiros (unidades residenciais), estas são caracterizadas por cave, primeiro piso alto, segundo piso e águas furtadas. Colocação central da porta principal. Os vãos das portas, janelas e postigos apresentam-se emoldurados por cantaria simples ou lavrada, com sacadas no primeiro registo, com guardas de ferro. Os espaços entre vãos são muito reduzidos e geralmente revestidos de azulejos padronizados de fabrico industrial. As fachadas são coroadas por platibanda. Coberturas de telhado em águas com claraboias. |
Acessos
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Rua de Cedofeita, Praça da República |
Protecção
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Categoria: CIP - Conjunto de Interesse Público, Portaria n.º 741/2012, DR, 2.ª série, n.º 237, de 7 dezembro 2012 |
Enquadramento
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Urbano, em outeiro, flanqueada, constituída por duas frentes urbanas compactas. |
Descrição Complementar
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Utilização Inicial
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Não aplicável |
Utilização Actual
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Não aplicável |
Propriedade
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Não aplicável |
Afectação
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Não aplicável |
Época Construção
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Séc. 19 / 20 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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MESTRE DE OBRAS: José Joaquim Mendes*2 |
Cronologia
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1605 - O espaço embrionário da rua Álvares Cabral era uma vasta propriedade rural foreira ao Priorado de Cedofeita, de livre nomeação, em três vidas, pertencente a Salvador João, de Valadares, e sua esposa Margarida do Carvalhal; 1665 - nesta data a propriedade denominada Quinta da Boavista, pertencia por testamento a João Carneiro Morais e sua esposa Helena Araújo, que construíram a capela de São Bento e Santo Ovídeo; 1726 - a Quinta foi vendida a João de Figueiroa Pinto e mais tarde a esposa deste renuncia à renovação do prazo da quinta a favor do filho Manuel de Figueiroa Pinto, fidalgo da Casa Real, alcaide-mor de Portel, Senhor de Porto Carreira, contador da Fazenda Real na cidade do Porto, presidente do lançamento das sisas e Cavaleiro da Ordem de Cristo; 1764 - a propriedade era designada por Quinta de Santo Ovídio; 1776 - João e Manuel de Figueiroa Pinto, pai e filho, valorizam a propriedade com a construção de uma casa apalaçada*3 rodeada de magníficos jardins; 1782 - a Câmara Municipal do Porto inicia as expropriações para alargamento da Praça de Santo Ovídio e a rua da Boavista é também aberta nos terrenos Norte da Quinta; 1838 - surgem as primeiras pretensões da Câmara abrir uma rua em linha reta, do então Campo da Regeneração (hoje Praça da República) à Rua de Cedofeita, no enfiamento da Rua Gonçalo Cristóvão; 1839 - o projeto chegou a ser apontado na "Planta Topographica" de Costa Lima não foi realizado em virtude da forte oposição lançada por alguns dos proprietários dos terrenos que a nova rua iria então atravessar; 1823 - por falecimento de Manuel de Figueiroa Pinto, a Quinta passou para o seu afilhado, Manuel Pamplona Carneiro Rangel Veloso Barreto de Miranda e Figueiroa, 1º Visconde de Beire, e por falecimento deste, sucedeu-lhe a filha primogénita, D. Maria Balbina Pamplona Carneiro Rangel, condessa de Resende pelo seu casamento com o 4º conde, D. António Benedito de Castro; 1890, 20 de Janeiro - morre D. Maria Balbina, deixando a Quinta de Santo Ovídio a a seus netos, na tentativa de a manter intacta, conhecedora que era da difícil situação económica de seu filho, D. Manuel Benedito de Castro; 1892 - Manuel Benedito de Castro, alegando a escassez de rendimento da propriedade e a necessidade de fazer face à dispendiosa educação de seus seis filhos, obteve consentimento familiar para a abertura de uma rua no eixo da alameda da casa; 1892, 30 de Janeiro - os Condes de Resende iniciaram um longo processo judicial para alienação da quinta. Propunham a sua venda integral em hasta pública por 100 contos de réis, ou a abertura de uma nova rua desde o Campo da Regeneração até à Rua de Cedofeita, loteando todo o terreno da quinta em parcelas de 6 m, pretensão que teve resposta desfavorável do Curador Geral de menores; 1895, 10 de Agosto - depois de reforçadas as pretensões dos condes, o Juiz acabou por autorizar a abertura da rua; 1897, 18 Novembro - a Câmara portuense aceitava "uma rua oferecida pelo Conde de Resende, desde o Campo da Regeneração até à Rua de Cedofeita, no ângulo formando com a Rua da Figueiroa"; a nova rua situava-se sensivelmente mais a N. do que a inicialmente projetada e coincidia "grosso modo", com a alameda central dos jardins da antiga casa dos Pamplonas; 1898, 15 Junho - é assinada a escritura da cedência da nova rua; 1898, Outubro - aparece um pedido de edificação de duas moradias de casa, feito por António Rodrigues, para a "Rua aberta na Quinta dos Pamplonas" (edifícios 399, 401 e 403); 1899, 6 Abril - a Junta da Paróquia de Cedofeita pede que seja dado nome à rua vulgarmente chamada dos Pamplonas; 1900, 4 Maio - em resposta à solicitação da Junta de Paróquia de Cedofeita, a Câmara Municipal do Porto atribui à nova rua o nome de Álvares Cabral; 1998, 23 Fevereiro - despacho de abertura do processo de classificação como Conjunto de Interesse Público, pelo Vice-Presidente do IPPAR; 2012, 3 julho - projeto de decisão relativo à classificação como Conjunto de Interesse Público, Anúncio n.º 13 192 / 2012, DR, 2ª Série, n.º 127; 2012, 7 dezembro - Portaria n.º 714/2012 publicado no DR, 2.ª série, n.º 237, de projeto de decisão de classificação como CIP. |
Dados Técnicos
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Sistema estrutural de paredes portantes; estrutura autónoma. |
Materiais
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Alvenaria na fachada e paredes interiores; ferro forjado nas grades e varandins; granito nas molduras, pilastras e patamares exteriores; portas e caixilharias de madeira e alumínio; janelas com vidro simples; telha cerâmica nos telhados. |
Bibliografia
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O Tripeiro, nº 18, Dezembro 1945, Ano I; O Tripeiro, nº 4, Agosto 1949, V Série, Ano V; O Tripeiro, nº 6, Outubro 1949, V Série, Ano V; O Tripeiro, nº 4, Agosto 1951, Ano VII; http://ler.letras.up.pt/uploads/ficheiros/4091.pdf, 17 de Janeiro de 2012. |
Documentação Gráfica
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AH-CMP |
Documentação Fotográfica
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IHRU: DGEMN / DSID / SIPA |
Documentação Administrativa
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AH-CMP |
Intervenção Realizada
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Observações
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*1 - A R. Álvares Cabral é perpendicular à de Cedofeita, a qual se encontra classificada pelo Dec. nº 45/93, DR 280 de 30 de Novembro de 1993 (v. PT011312040073). *2 - Também responsável pela construção de cerca de trinta casas edificadas na rua; *3 - "A quinta com a entrada principal a situada a oriente, voltada para o campo da regeneração, separada desta por muro cujo acesso se fazia através de portal, era composta por terras para sementeiras, horta, pomar, campos de cultivo, pastagens, remadas, cocheiras, cavalariças, capela e casa apalaçada, um edifício sóbrio e austero de planta regular, num esquema de linhas horizontais, de dois pisos em que a fachada principal, antecedida por alameda/horta e cavalariça, era ritmada pelos dois corpos laterais avançados e pela utilização da cantaria e alvenaria, pelos cheios e vazios e telhado de duas águas. A fachada posterior, mais imponente, com uma composição mais complexa de volumetrias e corpos que avançam ou recuam, linhas sinuosas do telhado e águas-furtadas, um claro eixo central com varanda e balaustrada, janelas com padieiras de cantaria e porta encimada com volutas, abre-se para um amplo jardim, abrigado do mundo exterior. |
Autor e Data
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Isabel Sereno, Elvira Rebelo 1998 / Ana Filipe 2012 |
Actualização
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