Capela de Santo Cristo / Igreja de Santo Cristo

IPA.00006220
Portugal, Lisboa, Lisboa, Belém
 
Arquitetura religiosa, manuelina. Capela de planta longitudinal, composta por 2 quadrados justapostos escalonados, de linhas simples, rematada por pináculos poligonais. Portal de verga recta com conopial diminuto, decorado com rosetas. Nave única separada da capela-mor por arco triunfal em asa-de-cesto, com rosetas e meias-esferas. Cobertura interna de abóbadas rebaixadas, polinervadas, a da nave com combados, apoiadas em mísulas e com bocetes vegetalistas e heráldicos. Revestimento parietal da nave e capela-mor com painéis figurativos de temática hagiográfica compondo silhar, sendo que o painel que representa S. Pamáquio teve como fonte iconográfica uma gravura invertida, tal como é atestado pela legenda. Na nave bancos corridos revestidos de azulejos hispano-árabes de aresta. No arco trinfal há perfurações que indiciam a existência de uma grade. A fresta da parede S não está centrada.
Número IPA Antigo: PT031106320074
 
Registo visualizado 1439 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Capela / Ermida  

Descrição

Planta poligonal regular composta por nave e capela-mor, de volumes articulados e coberturas diferenciadas em telhados de duas águas, rematadas em beiradas, duplas na nave. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, percorridas por socos de cantaria e rematadas em frisos encimados por oito grandes pináculos piramidais sobre plintos facetados. Fachada principal virada a O. rematada em empena, rasgada por portal de verga reta rematado por conopial diminuto, tendo o intradorso côncavo decorado com série de onze flores quadrifoliadas, botoadas e apontadas com pétalas estriadas e recortadas, apoiado em bases diminutas facetadas, com pequena esfera decorado com rosetas; está encimado por óculo circular. Fachada lateral esquerda cega, sendo a oposta rasgada por fresta rectangular em capialço no corpo da nave e janela rectangular na capela-mor. Fachada posterior em empena cega, sendo visível a empena do corpo da nave. INTERIOR com as paredes rebocadas e pintadas de branco, as da nave flanqueadas por bancos corridos revestidos a azulejo de aresta, estando as paredes revestidas por silhares de azulejos figurativos de temática hagiográfica, azuis e brancos com guarnições a amarelo e manganês. A nave tem cobertura em abóbada de combados, rebaixada e com bocetes apoiada em mísulas, decorada com bocetes vegetalistas e heráldicos (cruz da Ordem de Cristo, esfera armilar e escudo real, ao centro); as nervuras, de seção prismática, formam círculo de oito raios contido numa estrela de oito pontas, que descarrega em mísulas vegetalistas acantonadas e embebidas a meio de cada parede. Pavimento de tijoleira em espinhado. O arco triunfal, em asa de cesto, possui bases compostas por tambores decorados inferiormente por meias esferas e anéis e superiormente facetados em estrela, de onde se elevam dois colunelos, que delimitam o arco, com capitéis decorados com pequenas flores (rosas) e folhas, intercaladas por imposta com três meias esferas, sendo a arquivolta, na frente e no tardoz, preenchida com séries de dezasseis rosetas semelhantes às do portal. A capela-mor está elevada por um degrau, estando revestida com silhares de azulejo figurativos azuis e brancos com episódios da vida de São Jerónimo. Tem abóbada rebaixada e polinervada, com liernes e terceletes a formar estrela de seis pontas, apoiada em mísulas vegetalistas e decorada com bocetes vegetalistas, possuindo o central um escudo com as cinco chagas. Tem pavimento em tijoleira. Possui mesa de altar revestida a azulejos enxaquetados verdes e brancos sobre plataforma rectangular de bordos salientes.

Acessos

Rua de Alcolena

Protecção

Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto n.º 47 508, DG, 1.ª série, n.º 20 de 24 janeiro 1967 / ZEP, Portaria n.º 46/96, DR, 2.ª série, n.º 126 de 30 maio 1996 *1

Enquadramento

Urbano, isolado, situado dentro dos antigos limites da cerca do Mosteiro de Santa Maria de Belém / Mosteiro dos Jerónimos (v. PT031106320005), a SO. do Estádio do Restelo / Estádio do Clube de Futebol "Os Belenenses" (v. PT031106320912), junto ao portão e gradeamento do mesmo, em encosta arborizada e relvada, em socalcos, exposta a S., dominando o estuário do Tejo e circundada por algumas moradias. Está envolvida por adro retangular, calcetado e murado, com acesso frontal por degraus em cantaria, surgindo, junto a estes, um pequeno cruzeiro e, a SE., uma mesa com tampo de pedra rodeada por quatro bancos, cujo pé é uma base de coluna, facetada e com anéis, provável reaproveitamento, de origem desconhecida, talvez a base do cruzeiro.

Descrição Complementar

Os silhares de azulejos que revestem as paredes da nave são compostos por painéis figurativos a azul e branco, com guarnições concheadas e vegetalistas de tipo auricular a amarelo e manganês, e representam, segundo as legendas que ostentam, à direita Santa Eustróquia, Santa Melania, Santa Marcela e Santo Eusébio, e à esquerda o beato Lourenço, São Pamáquio e dois monges, todos em oração. Na capela-mor a temática dos painéis alude à legenda de São Jerónimo e representam igualmente monges hieronimitas.

Utilização Inicial

Religiosa: capela

Utilização Actual

Devoluto

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese de Lisboa)

Afectação

Sem afetação

Época Construção

Séc. 16

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITETO: Raul Lino (1959). ARQUITETO PAISAGISTA: Gonçalo Ribeiro Telles (1959).

Cronologia

Séc. 16 - a capela é construída dentro dos limites da cerca do Mosteiro de Santa Maria de Belém, sensivelmente no centro da mesma, fazendo parte de um trio de ermidas especialmente vocacionadas para retiro e meditação dos monges, de que apenas restam esta e a Capela de São Jerónimo (v. PT031106320054), sendo a terceira dedicada a Santa Maria Madalena, arruinada no séc. 18 e posteriormente desaparecida; séc. 18 - colocação dos painéis de azulejos figurativos; segundo cronistas da Ordem a Capela possui, defronte do portal, um passeio com assentos e alegretes, um tanque e uma pequena casa subterrânea abobadada; 1834 - extinção das Ordens Religiosas, sendo o Mosteiro e suas dependências ocupadas pela Real casa Pia de Lisboa, que as adaptaram às novas funções; 1880 - José Maria Nepomuceno redescobre o monumento e dá-o a conhecer; 1936 - é solicitado um orçamento para obras de restauro; 1953 - parte dos terrenos da encosta do Restelo são alvo de um plano urbanístico que inclui a construção do Estádio de "Os Belenenses", projeto do arquiteto Carlos Ramos, para a qual se fizeram terraplenagens e algumas demolições; entra na C.M.L. um processo pedindo a demolição de um edifício semi-soterrado situado na encosta do restelo, designado por "casa do canalizador", no qual se integrava uma construção com azulejos e cantarias lavradas, que era a Capela do Santo Cristo, que, depois de identificada esteve para ser desmanchada e exposta no Museu da Cidade; 1954 - a ladear o portal havia dois bancos de pedra e o acesso era feito por um escadório a S; 1959 - projeto de ajardinamento da zona envolvente da capela pelo arquiteto Gonçalo Ribeiro Telles, tendo sido posteriormente executado.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes

Materiais

Caixas murárias de pedra calcária de talhe irregular rebocadas, molduras e cantarias de alvenaria de pedra calcária de lioz, pavimentos de tijoleira, revestimento de azulejos, abóbadas de alvenaria de pedra calcária rebocada.

Bibliografia

ATAÍDE, M. Maia - Monumentos e Edifícios Notáveis do Distrito de Lisboa. Lisboa: Junta Distrital de Lisboa, 1988, vol. 3; MIGUEL, Fr. Jacinto S. - Mosteiro de Belém. Relação da Insigne e Real Casa de Santa Maria de Belém. Lisboa: Typographia Academia Real das Sciencias, 1901; SANCHES, José Dias - «Belém do Passado e do Presente» Separata do Jornal Ecos de Belém. Lisboa: 1970; TELLES, Gonçalo Ribeiro e ABREU, Alexandre Cancela de - A Utopia e os Pés na Terra. Lisboa: Instituto Português de Museus, 2003, p. 263.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DRMLisboa

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DRMLisboa

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DRMLisboa, DGEMN/DSARH

Intervenção Realizada

DGEMN: 1953 / 1954 - demolição do edifício que integrava a Capela, semi-soterrada, e início do processo de classificação, com levantamento de olanta e fotografias, dado que estava em risco de desaparecer, sacrificada à construção do bairro do Restelo e do Estádio; CML / DGEMN: 1959 - obras de restauro no interior, orientadas pelo arquitecto Raul Lino com projecto remetido e aprovado pela Junta Nacional de Educação, tendo os trabalhos o objectivo de beneficiar a Capela e valorizar turisticamente a zona envolvente; 1961 - conclusão das obras de conservação de acordo com o projecto; DGEMN: 1967 - remodelação do jardim fronteiro, de modo a facilitar a limpeza e conservação do monumento; 1970 - Novo arranjo do ajardinamento defronte da Capela; 1977 - a Junta Nacional de Educação emite parecer em que apoia a C.M.L. no que respeita ao tratamento da fachada que deverá ser pintada de branco-sujo, em substituição da cor azul, e circundado com vegetação e trepadeiras, para melhorar o enquadramento da Capela.

Observações

*1 - Zona Especial de Proteção Conjunta da Capela, da Capela de São Jerónimo e o Palacete na Rua de Pedrouços, n.º 97-99.

Autor e Data

Paula Noé 1990 / Lina Marques 2001

Actualização

 
 
 
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