Igreja Paroquial da Ribeira Brava / Igreja de São Bento
| IPA.00006594 |
Portugal, Ilha da Madeira (Madeira), Ribeira Brava, Ribeira Brava |
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Igreja paroquial de planimetria manuelina, de três naves separadas por arcos quebrados, com capelas nos topos das laterais, e capela-mor profunda, fachada principal neomaneirista em empena, com portal de arco pleno, cimalha de balanço e janela mainelada, conservando no interior púlpito e pia baptismal manuelinas e retábulos de talha maneiristas e barrocos. Torre sineira ao gosto "português suave". |
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Número IPA Antigo: PT062208020002 |
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Registo visualizado 1200 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Edifício e estrutura Edifício Religioso Templo Igreja paroquial
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Descrição
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Planta longitudinal, composta por 3 naves e capela-mor profunda, com torre sineira quadrada a S. da fachada, e sacristia e serviços adossados a S. e a N. da capela-mor. Volumes articulados com coberturas diferenciadas, em telhados de 4 e 2 águas, com beirais duplos de telha de canudo portuguesa, e torre encimada por coruchéu revestido a azulejos, esfera armilar e pára-raios, e pináculos de cantaria. Fachada principal a O. com embasamento e alhetas nos cunhais em alvenaria de cimento, terminada em empena, com cornija de cantaria e platibanda de alvenaria, encimada por cruz de ferro; portal de cantaria com arco de volta perfeita, decorado com pontas de diamante, filete relevado intermédio e lintel de balanço, sobre pilastras com capitéis, astrágalos e bases ressalvadas, articulado com janela mainelada em alvenaria de cimento, com arcos de volta perfeita e remate superior em carena encimada por bola e cruz; boas portadas de madeira com bandeira superior fixa e postigos, com almofadas. Corpo N. ligeiramente recuado, com empena e tratamento semelhante e 2 janelões com molduras de alvenaria de cimento em arco de volta perfeita, sendo o inferior gradeado; torre com igual tratamento nos 2 pisos inferiores e grandes sineiras superiores nas 4 faces com moldura complexa e balcão com balaustrada. Fachada S. com a residência paroquial encostada à nave lateral e ligeiramente enviesada; 4 portas e 4 janelas no piso térreo e piso superior recuado, com varanda corrida com grade de ferro forjado, 2 portas e 4 janelas com tapa-sóis de madeira fasquiada; eirado superior com balaustrada de cimento. Fachada E. a repetir na cabeceira o mesmo esquema, igualmente enviesado e acompanhando o arruamento, com 2 corpos interrompendo a varanda. No INTERIOR, naves separadas por 3 arcos quebrados, com 3 arquivoltas, em alvenaria, e por um outro, de 4 arquivoltas, com capitéis historiados, de cantaria pintada, de ligação às capelas do topo das naves laterais; silhar de azulejos enxaquetados azuis e brancos a prolongarem-se para a capela-mor, onde a revestem; cobertura das naves com tecto de madeira de perfil curvo com caixotões. Na nave central, coro-alto sobre colunas, com balaustrada de madeira, e, no lado do Evangelho, púlpito de cantaria com faces esculpidas sobre mísula e encimada por baldaqino. Arco triunfal em cantaria ladeado por 2 retábulos em talha dourada dedicados a Nossa Senhora do Rosário e Santo António. Na nave do lado do Evangelho, retábulo de talha dourada e no topo a capela do Santíssimo, com teia em "pau santo", tecto estucado e pintado, e amplo retábulo de talha dourada incorporando tábua flamenga dos inícios do séc. 16. Na nave do lado da Epístola, pia baptismal de cantaria esculpida e policromada no piso térreo da torre; retábulo colateral de São Miguel e das almas, em talha dourada, com tela assinada por Martim Conrado; no topo capela de Nossa Senhora, com armário de parede em cantaria pintada de gosto manuelino e retábulo de talha. Na capela-mor retábulo de talha dourada com camarim, nichos laterais sobrepostos; tem portas de acesso para N. à "Sala do Tesouro" e para S., à sacristia. |
Acessos
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Ribeira Brava, Largo da Matriz; Rua do Visconde da Ribeira Brava. WGS84 (graus decimais) lat.: 32,671134; long.: -16,064529 |
Protecção
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Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto nº 37 077, DG, 1.ª série, n.º 228 de 29 setembro 1948 |
Enquadramento
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Urbano, com adro de calhau rolado murado e ajardinado, com parque infantil para o lado da serra e o busto do padre Manuel Álvares, para o lado do mar, bom arvoredo e vista interessante da actual estrada que lhe passa em frente. Articula-se pela R. do Visconde da Ribeira Brava, que lhe passa pelas traseiras com a Câmara Municipal e antigo solar da família Herédia (v. PT062208020003). |
Descrição Complementar
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A igreja de São Bento possui 3 peças manuelinas em cantaria pintada esculpidas com motivos historiados. Os altares laterais da nave central são dos finais do Séc. 17, atribuíveis à oficina de Manuel Pereira de Almeida, com colunas torsas profusamente entalhadas e assentes em mísulas com grande avanço, entablamento superior e amplos frontões barrocos. A sacristia possui grande armário de alçado ao gosto neogótico e lava-mãos de parede em cantaria pintada. |
Utilização Inicial
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Religiosa: igreja paroquial |
Utilização Actual
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Religiosa: igreja paroquial |
Propriedade
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Privada: Igreja Católica |
Afectação
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Sem afectação |
Época Construção
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Séc. 15 / 16 / 17 / 18 / 19 / 20 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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MESTRE DE OBRAS: Domingos Rodrigues Martins; ENTALHADORES: Manuel Pereira de Almeida e Julião Francisco Ferreira; PINTORES: Francisco Henriques ( de Évora ), mestre holandês dos inícios do Séc. 16, Martim Conrado, oficina de João Nicolau Ferreira; ESCULTOR: Fernão Muñoz ou mestre Machim; PRATEIROS: Marcos Agostinho e Tristão Ribeiro. OURIVES: Marcos Agostinho (1600-1640). |
Cronologia
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1460 - provável data de fundação da freguesia; Séc. 15, finais - execução do retábulo de São Bento nas oficinas de Francisco Henriques ( de Évora ); Séc. 16, inícios - execução do retábulo da actual capela do Santíssimo (cópia na capela e original hoje no Museu Diocesano de Arte Sacra do Funchal ); 1504 - oferta do rei D. Manuel de uma pia baptismal datada; 1538, 11 Agosto - exames de "ad primam clericalem tonsuram" na matriz da Ribeira Brava pelo bispo D. Ambrósio, tendo sido examinados, entre outros, o futuro padre jesuíta Manuel Álvares e o seu irmão Francisco; 1549, 15 Maio - carta régia de acrescentamento dos 4 beneficiados da colegiada da Ribeira Brava; 28 Maio - carta de acrescentamento de um moio de trigo ao vigário sobre os 8$000 réis e um marco de prata que já tinha; 1560, 4 Março - aumento do ordenado do tesoureiro da colegiada; 1562, 16 Setembro - criação do lugar de pregador da colegiada; 1574, 12 Março - alvará da mercê anual de 8$000 réis para a fábrica da colegiada; 1584 - data da cruz processional assinada por M. A. (Marcos Agostinho ); 1594, 30 Agosto - criação de um curato na colegiada; 15 Setembro - criação do lugar de organista da colegiada; 1600 - 1640 - feitura de uma naveta e um par de galhetas em prata por Marcos Agostinho; 1650 - data provável da tela de S. Miguel e as Almas assinado por Martim Conrado; 1661, 4 Janeiro - alvará para se fazer o muro da Ribeira Brava à custa do rendimento da imposição do vinho do Lugar; 1696 - fundação da capela das Almas Santas por António Rodrigues Jardim; 1707, 12 Maio - mandato do Conselho da Fazenda para a obra do lajeado, pátio e frontispício da Igreja, obra orçamentada em 533$360 e remessa dos sinos; 1708, 16 Março - mandato do Conselho da Fazenda com uma letra de 533$360 para ornamentos; 1718, 25 Fevereiro - mandato do Conselho da Fazenda para a remessa de mais 647$000 para ornamentos; 1727 - data do retábulo do Santíssimo; 1734, 28 Novembro - informação sobre o envio de um sino; séc. 19 - execução do órgão em Inglaterra; 1931 / 1933 - ampliação geral da matriz com reconstrução da torre, residência paroquial e serviços paroquiais; 1940, 26 setembro - inventariação do "tríptico (descida da Cruz)" existente na parede lateral esquerda da capela-mor e do "painel (Adoração dos Magos) na parede lateral esquerda do corpo da mesma igreja, pelo Decreto nº 30 762, publicado no DG, 1.ª série, n.º 225; 1972, 1 Agosto - inauguração de um busto do padre Manuel Álvares (1526 - 1583), autor da gramática latina "De Institutione Grammatica" ( Lisboa, 1572 ); 1991 - exposição do "tesouro" da Ribeira Brava no Museu Real de Belas Artes de Bruxelas no âmbito da EUROPÁLIA 91; 1992 - repetição da exposição no Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa; 1995, 4 Julho - inauguração da "sala do tesouro". |
Dados Técnicos
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Sistema estrutural de paredes portantes. |
Materiais
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Cantaria mole e rígida regional aparente, alvenaria de cimento e cantaria regional rebocada, madeira ( pau santo, carvalho e outras ), amarrações mistas de tirantes de madeira e de ferro, talha dourada e pintada, pintura sobre madeira e tela, vidro, prataria e ourivesaria, e telha de meio canudo. |
Bibliografia
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CARITA, Rui - «Navetas Maneiristas a aproximação ao mar» in Invenire Revista de Bens Culturais da Igreja. Lisboa: Secretariado Nacional para os Bens Culturais da Igreja, janeiro - junho 2013, n.º 6, pp. 20-26; LEITE, Jerónimo Dias, Descobrimento da Ilha da Madeira..., Coimbra, 1947; FRUTUOSO, Gaspar, Saudades da Terra, Livro II, anotado por Álvaro Rodrigues de Azevedo, Funchal, 1873 e ed. Ponta Delgada, 1968; NORONHA, Henrique Henriques de, Genealogia... Ilha da Madeira, ano de 1700, São Paulo, Brasil, 1948; SILVA, Padre Fernando Augusto da, Elucidário Madeirense, 3 vols., Funchal, 1945; CARITA, Rui, Paulo Dias de Almeida e a Descrição da ilha da Madeira de 1817, Funchal, 1982; idem, Vila da Ribeira Brava, Cine Forum do Funchal, Visita Guiada nº 6, Novembro de 1983; idem, História da Madeira, 1º e 3º vols., Funchal, 1989 e red. 1999, e 1992; VALENÇA, Manuel, A Arte Organística em Portugal, vol. II, Braga, 1990; CARITA, Rui, Tesouros do Séc. XVII, in catálogo da EUROPÁLIA, Museu Real de Bruxelas, 1991; ibidem, Mosteiro dos Jerónimos, Lisboa, 1992; SOUSA, Francisco A. Clode, Sala do Tesouro da igreja inaugurada na Ribeira Brava, Diário de Notícias, Funchal, 5 Jul. 1995; CARITA, Rui, A Matriz da Ribeira Brava, Islenha, nº 19, Jul. - Dez. 1996, pp. 53 a 60; MELIM, Eker, A Igreja exemplar, Diário de Notícias - Madeira, Funchal, 27 Out. 1997; PEREIRA, Fernando António Baptista, Museu de Arte Sacra do Funchal, Arte Flamenga, Lisboa, 1997; DRUMOND, Orlando, Um património de grande interesse. Igreja Matriz da Ribeira Brava, Diário de Notícias, 28 Jun. 1997; NORONHA, Henrique Henriques de, Memórias Seculares e Eclesiásticas...1722, Funchal, 1997. |
Documentação Gráfica
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1841 - "Forte de S. Bento da Ribeira Brava", in "Descrição" de António Pedro de Azevedo, "Estampa nº 12" GEAEM, Lisboa; 1844 - "Plantas das vilas e freguesias da Madeira atingidas pela aluvião de 1842 e trabalhos efectuados até Dezembro de 1843", major José Júlio Guerra, AH Ministérios das Obras Públicas e GEAEM, Lisboa; 1860 - "Reconhecimento militar da Ilha da Madeira", tenente coronel António Pedro de Azevedo, GEAEM, Lisboa; 1864 - "Planta do Lugar da Ribeira Brava e do Forte de São Bento", tenente coronel António Pedro de Azevedo, colecção particular, Funchal e GEAEM, Lisboa |
Documentação Fotográfica
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Museu Vicentes Photographos; antiga Junta Geral; DRAC, Funchal; IHRU: DGEMN/DSID; IHRU: SIPA |
Documentação Administrativa
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IAN/TT, Provedoria da Fazenda do Funchal e Chancelaria da Ordem de Cristo; ARM, Resíduos e Capelas da Madeira; CMF; Ribeira Brava e Juízo dos Resíduos e Capelas, Arquivo Eclesiástico do Paço Episcopal, Funchal; IHRU: DGEMN/DSID |
Intervenção Realizada
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Fábrica da Igreja Paroquial: 1931 / 1933 - ampliação geral sob projecto atribuível ao arquitecto Carlos Ramos; 1957 - construção de um posto de transformação e escadas de acesso ao adro da igreja pelo arq. Raul Chorão Ramalho; 1984 - reabilitação geral sob projecto do arq. Jorge Manuel Silva Freitas com colocação dos novos tectos e instalação dos serviços e casa paroquial. |
Observações
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A Matriz da Ribeira Brava tem sido considerada ao longo dos últimos anos como o monumento regional com melhor apresentação e o que maior espaço de tempo se encontra aberto ao público. Fotografias da primeira metade deste século revelam a torre sineira rasgada por 3 vãos sobrepostos e sineira e, no interior, uma antiga tribuna, sobrelevada, na nave lateral do Evangelho. |
Autor e Data
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Rui Carita 1999 |
Actualização
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