Câmara Municipal da Ribeira Grande

IPA.00008236
Portugal, Ilha de São Miguel (Açores), Ribeira Grande, Ribeira Grande (Matriz)
 
Arquitetura político-administrativa, seiscentista e setecentista. Paços do concelho de planta retangular com torre sineira adossada, esquema semelhante ao existente nos Paços do Concelho da Praia da Vitória (v. PT071905080001), de Ponta Delgada (v. PT072103120081), de Vila Franca do Campo (v. PT072106030015) e o que tinha o edifício seiscentista de Angra do Heroísmo (v. PT071901160037). Apresenta o típico contraste micaelense entre o branco e os elementos estruturais e decorativos em cantaria basáltica. Fachadas evoluindo em três pisos, com cunhais apilastrados, rematadas em friso e cornija e rasgadas por vãos retilíneos ou abatidos com molduras encimadas por cornija. Fachada principal de dois panos, o da esquerda de três pisos, o inferior rebaixado, o segundo precedido por escada de dois braços e balcão central, rasgado por portal entre janelas de peitoril e o terceiro por janelas de sacada corrida, com guarda em ferro. O pano da direita é mais estreito e possui, inferiormente, amplo vão sobre o arruamento, sendo rasgado no último piso por janelas de sacada. A torre sineira, bastante alta, é rematada por balalaustrada coroada por pináculos, e rasgada no primeiro registo por duas janelas, uma de sacada e outra de peitoril e, no último registo, por sineira reta encimado por brasão com as armas reais.
Número IPA Antigo: PT072105090004
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Político e administrativo regional e local  Câmara municipal  Casa da câmara, tribunal e cadeia  

Descrição

Planta retangular composta por dois corpos retangulares, o da esquerda mais antigo e profundo e o da direita mais estreito formando ala sobre o arruamento, e por torre sineira quadrangular, disposta no extremo deste último. Volumes articulados com coberturas diferenciadas em telhados de quatro águas no corpo mais profundo, de duas na ala intermédia e em terraço na torre sineira. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, com embasamento de cantaria, cunhais apilastrados e remates em friso e cornija. Fachada principal virada a SE., de dois panos, o da esquerda mais largo e precedido por escada de cantaria avançada, de dois braços e balcão central comum, com guarda em balaústres de cantaria, ritmados por acrotérios paralelepipédicos, coroados por bolas. No piso térreo, sob o patamar central, abre-se vão em arco de volta perfeita, fechado com porta gradeada, interiormente com falsa abóbada de berço e rasgado por porta de verga reta moldurada, de acesso a um piso semienterrado. No segundo piso rasgam-se três vãos, correspondendo a portal entre duas janelas de peitoril, com pano de peito em cantaria, todos de verga reta e moldura rematada em cornija, a do portal sobreposta por friso e brasão com as armas municipais entre duas pontas de diamante. No terceiro piso abrem-se três janelas de sacada corrida, com guarda em ferro e com a moldura rematada em cornija, encimada por uma outra cornija. O pano da direita forma amplo arco de volta perfeita sobre a via pública, possuindo no intradorso três arquivolas sobre friso e cornija que assentam em embasamento bastante saliente e que se prolonga para a torre sineira, formado por múltiplos frisos e cornijas, num jogo de côncavos e convexos. No segundo piso rasgam-se duas janelas de sacada, com guarda em ferro e de verga abatida com moldura encimada por cornija contracurva. Torre sineira de três registos, definidos por cornija ou friso e cornija, terminada em friso cornija e balaustrada, coroada por pináculos galbados que coroam igualmente os acrotérios paralelepipédicos dos cunhais. O primeiro registo é rasgado por duas janelas de verga abatida, com moldura terminada em cornija contracurva, a inferior de sacada e a superior de peitoril com frisos prolonados inferiormente e formando volutas. O segundo registo é mais baixo e cego e o terceiro é rasgado por vão em arco de volta perfeita, entaipado e integrando relógio circular, encimado por brasão com as armas reais. Na face lateral esquerda, o segundo registo é rasgado por vão retangular e o terceiro por sineira em arco, albergando sino, e dois pequenos óculos circulares. Fachada lateral esquerda de três pisos, rasgado por janelas de peitoril de molduras simples, abrindo-se duas no primeiro piso, uma delas junto ao pavimento da praça, com molduras pintadas e gradeada, uma no segundo e duas no terceiro. Fachada posterior do corpo mais largo rasgada ao centro por porta de verga reta e moldura simples e no último piso por duas janelas de peitoril, a da esquerda em arco com bandeira decorada por motivos lanceolados e a central retilínea com vitral para iluminação da escada. O pano do arco é rasgado por duas janelas de peitoril, com caixilharia de guilhotina e pano de peito em cantaria. A torre sineira é rasgada no primeiro registo por pequenos vãos retangulares, três dispostos à direita e dois À esquerda, abertos em diferentes níveis; o segundo registo é cego e no terceiro abre-se sineira em arco de volta perfeita, albergando sino. INTERIOR: no corpo mais antigo, a escada de madeira de acesso ao último piso é iluminada por janela retilínea de capialço, com vitral policromo representando o rei D. Manuel I, tendo no peito a coroa do antigo Pelourinho da vila. O salão nobre apresenta silhar de azulejos com representaçãoes figurativas alusivas à história da Ribeira Grande e fotografias dos Presidentes de Câmara do séc. 20.

Acessos

Ribeira Grande (Matriz), Largo do Conselheiro Hintze Ribeiro; Rua da Praça

Protecção

Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Resolução do Presidente do Governo Regional n.º 64/1984, JORAA, 1.ª série, n.º 14 de 30 abril 1984

Enquadramento

Urbano, adossado pela fachada lateral direita e parte da posterior da torre sineira. Implanta-se no Núcleo urbano da cidade de Ribeira Grande (v. PT072105090015), desenvolvendo-se frontalmente o jardim da Praça Hintze Ribeiro, ou "jardim do povo", vedado por muro e gradeamento, com oito grandes e frondosos metrosíderos. À torre adossa-se casa de dois pisos, rasgada na fachada lateral direita por uma janela mainelada manuelina, que constitui um dos "ex libris" da cidade, e que alguns autores consideram proveniente dos primitivos paços do concelho. Nas imediações ergue-se a Igreja da Misericórdia ou Igreja do Espírito Santo (v. PT072105090002) e a Igreja Paroquial de Ribeira Grande / Igreja de Nossa Senhora da Estrela (v. PT072105090001), a E., e o Teatro Ribeiragrandense (v. PT072105090008), a SO..

Descrição Complementar

Os painéis de azulejos do salão nobre representam moinhos de água, cavalhadas de São Pedro, Espírito Santo, indústria do chá, brasão municipal, ainda do tempo da monarquia constitucional, e o Doutor Gaspar Frutuoso.

Utilização Inicial

Política e administrativa: câmara municipal

Utilização Actual

Política e administrativa: câmara municipal

Propriedade

Pública: municipal

Afectação

Sem afetação

Época Construção

Séc. 17 / 18

Arquitecto / Construtor / Autor

PINTOR DE AZULEJOS: Jorge Rei Colaço (1936).

Cronologia

1507, 4 agosto - data de fundação da primitiva câmara; 1555, 5 janeiro - data da primeira ata de sessão camarária conservada no arquivo municipal; 1563 / 1564 - crise sísmico-vulcânica provoca grandes danos na povoação e arrasa os primitivos paços do concelho; séc. 17 - construção do atual edifício dos paços do concelho, composto por corpo com piso térreo a servir de cadeia, e dois pisos superiores; 1796, 17 fevereiro - decide-se por unanimidade construir dois arcos por cima da rua das Espigas, e sobre eles construirem-se quartos para habitação do carcereiro, deixando-se reservado o lugar mais cómodo em que se pudesse construir um oratório para a missa aos presos, e construir uma torre para colocação dos sinos e do relógio, fazendo-se na mesma algumas prisões que fossem necessárias; na sequência procede-se à construção da ala formando passadiço sobre a via pública e da torre sineira, para albergar o carcereiro e presos, bem como os sinos e relógio municipais; 1930, década - remodelação do interior do edifício, com construção da escada interior, colocação de vitral a iluminar a caixa das escadas e feitura do teto do salão nobre; 1860 / 1864 - construção do jardim público em frente dos paços do concelho; 1936 - colocação do silhar de azulejos no salão nobre, da autoria de Jorge Rei Colaço; 2006 - conclusão do plano de pormenor de salvaguarda da zona histórica da cidade.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura em alvenaria de pedra rebocada e caiada de branco; embasamento, soco cunhais,frisos, cornijas, panos de peito, molduras dos vãos, consolas das sacadas, brasão, balaustradas e pináculos em cantaria basáltica aparente; portas e caixilharia de madeira; vidros simples; porta e guardas em ferro; coberturas em telha de meia-cana tradicional.

Bibliografia

AAVV, Arquitectura Popular dos Açores, s.l., Ordem dos Arquitectos, 2000; DIAS, Pedro, Arte de Portugal no Mundo - Açores, Lisboa, Público - Comunicação Social S.A., 2008; IDEM, História da Arte Portuguesa no Mundo (1415-1822). O Espaço Atlântico, Navarra, Círculo de Leitores e Autor, 1999; FERNANDES, José Manuel, JANEIRO, Ana, Ribeira Grande: A cidade e o seu concelho: aspectos de arquitectura e urbanismo, s.l., Câmara Municipal de Ribeira Grande, 2010; GOUVEIA, Paula, Plano de salvaguarda do centro histórico está concluído, Açoriano Oriental, 7 Janeiro 2007; VASCONCELOS, Jorge Gamboa de, O Vitral dos Paços do Concelho da Ribeira Grande e o Seu Significado, in Insulana, vols. XLII-XLIII, Ponta Delgada, Instituto Cultural de Ponta Delgada, 1986/1987; http://www.inventario.iacultura.pt/smiguel/ribeira-grande-fichas/22_220_108.html, março 2012.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

IHRU: SIPA, DGEMN/DRML

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

Observações

Autor e Data

Paula Noé 2012

Actualização

 
 
 
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