Igreja e Recolhimento de Nossa Senhora do Patrocínio / Igreja e Recolhimento do Ferro / Recolhimento de Nossa Senhora do Patrocínio da Mãe de Deus e de Santa Maria Madalena / Recolhimento das Convertidas do Ferro

IPA.00009027
Portugal, Porto, Porto, União das freguesias de Cedofeita, Santo Ildefonso, Sé, Miragaia, São Nicolau e Vitória
 
Arquitectura religiosa barroca e rococó. Edifício de planta composta, que resulta da associação do corpo da igreja, de nave e capela-mor rectangulares, como corpo do anterior recolhimento de planta alongada. O portal principal com pórtico de colunas coríntias duplas, uma delas encastrada, suporta frontão curvo interrompido com concheados no tímpano. Um janelão engradado abre-se sobre a padieira decorada com volutas e concheados. A sobrepujar o janelão, frontão contracurvado interrompido. Os janelões que ladeiam o portal principal e os três janelões da capela-mor, com tímpanos elevados decorados com conchas, frisos e acantos, apresentam-se encimados por frontões ondulados e com volutas. Predominância de capitéis coríntios até no interior da igreja. Profusão de conchas, concheados e folhas de acanto em todos os vãos das paredes laterais da igreja. Portal barroco no interior da portaria, encimado por exuberantes volutas intercaladas por flores.
Número IPA Antigo: PT011312140216
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Convento / Mosteiro  Recolhimento feminino  

Descrição

Planta em L composta por igreja longitudinal de nave única e capela-mor, mais estreita, rectangulares, com acesso transversal, a que se adossa perpendicularmente a N., com desenvolvimento para O., corpo rectangular irregular correspondente ao antigo recolhimento. A este adossam-se a O. dois corpos de construção recente. Volumes articulados de dominante horizontal, com coberturas em telhados diferenciados de duas águas na nave e capela-mor da igreja, e de três e quatro águas no corpo do recolhimento. Fachadas rebocadas e pintadas de branco rasgadas por vãos moldurados a granito e rematadas por cunhais sob beiral. IGREJA com fachadas enquadradas por cunhais apilastrados. Fachada principal voltada a E., com embasamento escalonado acompanhando o declive do terreno, de dois panos, correspondentes a nave e capela-mor definidos por cunhal apilastrado. Pano da nave rasgado por portal principal, de verga recta, enquadrado por colunas sobrepostas a pilastras, de fuste liso e capiteis coríntios, suportando fragmentos de frontão curvo, decorados com elementos concheados, entre os quais surge janelão gradeado, assente na padieira, inferiormente recortado e decorado com volutas e concheados e rematado por cornija quebrada. Lateralmente, rasgam-se quatro janelões rematados por espaldar moldurado decorado com concha e acantos, sobrepujado por cornijas volutadas. Pano da capela-mor de três registos, o primeiro definido por friso de cantaria, rasgado por portas de verga recta, que vazam o embasamento. Segundo registo com três pequenas janelas quadrangulares gradeadas, no alinhamento das quais surgem, no terceiro registo, janelões rectangulares gradeados, rematados por cornijas contracurvadas, inferiormente com volutas. Fachada S., correspondente à cabeceira, com largo embasamento em aparelho vittatum, e remate em empena encimada por cruz de hastes lisas. Também de três registos, o primeiro definido pelo prolongamento do friso de cantaria da fachada principal. Os registos são rasgados por janelas gradeadas, a do primeiro registo quadrangular, a do segundo jacente e a do terceiro rectangular. Fachada O., com corpo estreito adossado a todo o comprimento, formando terraço superiormente, com pavimento em tijoleira, protegido por guardas de ferro entre pilares de granito, para onde se abrem os vãos de verga recta, que se rasgam ao nível da nave e capela-mor. No pano da capela-mor, no extremo direito, surge sineira de ferro. O corpo adossado apresenta dois registos definidos por friso de cantaria, o primeiro com por arcaria plena e no segundo janelas rectangulares. INTERIOR com paredes rebocadas e pintadas de branco, pavimento em tijoleira e cobertura em abóbada de berço, na nave ritmada por arcos torais, assente em cornija, suportada por pilastras coríntias com concheados, que ritmam as paredes laterais da nave. A nave apresenta os ângulos, junto à capela-mor em cunha, limitados por pilastras. Coro-alto apoiado em arco abatido entaipado, protegido por balaustrada de madeira e comunicante com o corpo do recolhimento por porta de verga recta. No sub-coro, rasgam-se vão quadrangular gradeado, ladeado por dois pequenos óculos, correspondentes a confessionários. Paredes laterais simétricas, com elementos confrontantes. De ambos os lados, junto ao coro, janela rectangular com moldura ricamente decorada superiormente, com recurso a cornija, acantos e concheados. É seguida por porta verga recta, ladeada por pia de água benta, com espaldar de remate elevado sobre base da janela que se rasga superiormente e cujo remate é definido pelo alteamento em arco abatido, da cornija de suporte da cobertura. No intradorso do vão rasga-se pequena porta de acesso ao púlpito, por escadas desenvolvidas na espessura da parede. Púlpitos com base semicircular suportada por mísula escalonada, inferiormente decorada com acantos, em granito e guarda formada por finos balaústres de madeira, e vão com moldura ricamente decorada, com cornija de remate encimada por concheado e inferiormente com acanto. As paredes laterais, junto ao arco triunfal, dispõem-se em cunha, com supedâneo frontal, onde se rasgam arcos plenos com acanto na pedra de fecho, com ombreiras unidas às pilastras que enquadram o pano, albergando os retábulos colaterais em talha dourada com apontamento a marmoreados, o do lado do Evangelho com invocação do Sagrado Coração de Jesus. Arco triunfal marcado pelo arco toral da cobertura, desenvolvido no seguimento de pilastras. Capela-mor com supedâneo de granito de dois degraus. Paredes laterais rasgadas por janelões com remate idêntico aos da nave. Retábulo-mor revestindo integralmente a parede testeira, de talha policroma a marmoreados castanhos e verdes. De planta recta de três eixos, definidos pelo escalonamento dos eixos e pelos remates em cornija, a do eixo central elevada suportando frontão curvo com resplendor. Ao centro, tribuna em arco pleno, albergando trono escalonado, encimado por painel relevado sobre o qual surge o Crucificado, e nos eixos laterais imaginária. Ao sotobanco adossa-se altar recto encimado por sacrário. No tardoz do retábulo-mor desenvolvem-se três pisos de salas, correspondentes a carpintaria e arrumos, apresentando o último piso cobertura em falsa abóbada. RECOLHIMENTO com fachada E. correspondente à antiga portaria do recolhimento, desenvolvida, ligeiramente recuada, no seguimento da fachada principal da igreja. Apresenta embasamento de granito e é enquadrada por cunhais apilastrados, em granito aparente. De três registos separados por frisos, surgindo no primeiro porta, ladeada por janela rectangular e por janela jacente, e no segundo e terceiro registos, surgem três janelas de peitoril, encimadas por bandeira, alinhadas. As molduras são recortadas e encimadas por cornija também recortada, decorada com acantos. Fachada S. de cinco registos, o primeiro avançado, formando terraço protegido por gradeamento de ferro, entre pilares de granito, vazado por arcaria plena. Restantes registos, definidos por friso de cantaria, rasgados por vãos rectangulares sobrepostos. No INTERIOR, antiga portaria de planta quadrangular, com paredes rebocadas e pintadas de branco, percorridas por largo lambril de granito, pavimento em lajes de granito, e cobertura plana. Na parede fronteira ao acesso exterior, surge portal encimado por exuberantes volutas intercaladas por flores e elemento concheado, ladeada por dois vãos, moldurados a granito, correspondentes às rodas dos expostos. Nas paredes laterais quatro pequenos locutórios, os do lado direito entaipados e os do lado esquerdo, com grades triplas, associados a bancos de cantaria lavrada. Adossada ao corpo da portaria desenvolve-se ampla escadaria de dois lanços, em granito que faz a ligação ao corpo alongado e ampliado, onde se inserem as salas do actual centro social. Apresenta corredores de circulação, vãos moldurados a granito, alguns com conversadeiras também de granito, e portais, alguns datados.

Acessos

Escadas do Codeçal, Rua Senhora das Verdades, n.º 122

Protecção

Incluída no Centro Histórico da Cidade do Porto (v. PT011312140163), na Zona Histórica da Cidade do Porto (v. PT011312070086) e na Zona de Protecção da Ponte D. Luís (v. PT011312140057)

Enquadramento

Urbano, isolado, a meia encosta, em terreno de acentuado declive, entre o Rio Douro a S. e o Paço Episcopal (v. PT011312140007) a NO.. O conjunto constitui o gaveto das Escadas do Codeçal com a Rua Senhora das Verdades. A igreja implanta-se perpendicularmente ao rio, para onde se volta a cabeceira, e a N. adossa-se o corpo do recolhimento, disposto paralelamente ao rio, em plataforma mais elevada. A igreja e o corpo da portaria do recolhimento confrontam com as Escadas do Codeçal. Na proximidade, a E. a Ponte D. Luís, sobre o casario das Escadas do Codeçal.

Descrição Complementar

INSCRIÇÕES: Data inscrita em um dos portais interiores do recolhimento; granito; leitura: MDCCLVI; tradução: 1756.

Utilização Inicial

Religiosa: recolhimento

Utilização Actual

Religiosa: igreja / Assistencial: recolhimento / Educativa: jardim de infância

Propriedade

Privada: Igreja Católica

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 18

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITETOS: Manuel dos Santos Porto (atr.*1) (1768, 2 Março). MESTRES PEDREIROS: José Costa e António Silva (1764); Manuel Fernandes Figueira (1768, 2 Março).

Cronologia

1681, 16 Março - É instituído o Recolhimento de Nossa Senhora do Patrocínio da Mãe de Deus e Santa Maria Madalena, na Rua Escura junto à Capela da Senhora do Ferro; 1729, 17 Março - Josefa Maria doa às recolhidas a casa onde residia no Codeçal *2; 1746, 8 Maio - segunda doação, com menos encargos e várias condições de benemerência; 16 Novembro - escritura do Morgado das Taipas de "doação, contrato, subrogação e permutação" a favor das recolhidas; 1752, 29 Abril - vistoria feita pelos serviços municipais "na obra que pretendem fazer a Regente e Recolhidas do Ferro"; 1756 - data inscrita sobre a padieira de porta interior, no corpo da portaria do recolhimento; 1757 - o recolhimento é transferido para o Codeçal; 1764 - início da construção da portaria do recolhimento, pelos mestres pedreiros José Costa e António Silva; 1768, 2 Março - assinatura do contrato para a construção da igreja, adjudicada aos mestres pedreiros Manuel Fernandes Figueira e Manuel dos Santos Porto, com os fiadores o mestre pedreiro Manuel dos Santos Barbosa e o mestre carpinteiro Manuel de Oliveira; 1768 / 1790, 8 Julho - foram aprovados os estatutos do recolhimento; 1787, Setembro / 1788, 31 Dezembro - período em que a Junta das Obras Públicas envia para Lisboa diversas plantas de obras realizadas na cidade por Champalimaud Nussane, entre as quais desenhou as Escadas do Codeçal para o Cais da Ribeira, "junta" com a calçada feita nos Guindais; anos 40 - o recolhimento sofre um desmoronamento parcial, causado pelas obras de abertura do túnel da Rua do Infante D. Henrique; 1940, 8 Dezembro - abertura do recolhimento renovado e ampliado para instalação do Centro Social da Sé do Porto, com duas actividades assistenciais, a de Patronato de Meninas (Obra de Protecção às Crianças Pobres) e a de Sopa dos Pobres (Cozinha Económica de Nossa Senhora de Fátima); 1942, 8 Novembro - são inaugurados os serviços complementares do centro social, com a presença de D. Agostinho de Jesus e Sousa, Bispo do Porto, compreendendo os Serviços de Dispensário, a Assistência Domiciliária e o Vestiário dos Pobres; 1956 - Adjudicação da obra de reconstrução da igreja, pela Junta Autónoma de Estradas; 1993, 18 Novembro - aprovação pela Câmara Municipal do Porto do projecto de ampliação do centro, dos espaços de animação e espaços de recreio, da autoria do arquitecto Jorge Gigante.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura em alvenaria de granito, rebocada e pintada; asnas da cobertura em betão; barrotes e ripado da cobertura em madeira; cobertura revestida de telha; tectos em estuque; tectos em madeira; pavimentos do recolhimento em soalho; pavimentos do recolhimento em laje de granito; pavimento da igreja em tijoleira; caixilharia em madeira pintada; grades em ferro forjado.

Bibliografia

PINTO, Correia, Centro Social da Sé Catedral do Porto, in A Voz de Fátima, Outubro, 1941; PEREIRA, Padre Vitorino Caetano Martins, O Centro Social da Sé Catedral do Porto, Porto, 1944; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério no ano de 1956, Lisboa, 1957; CABRAL, Luís, Edifícios do Porto em 1833, Porto, 1987; ALVES, Joaquim Jaime B. Ferreira, O Porto na época dos Almadas, Porto, 1990; IPPAR, Património Arquitectónico e Arqueológico Classificado, Volume 2, Lisboa, 1993; QUARESMA, Maria Clementina, Inventário Artístico de Portugal. Cidade do Porto, Lisboa, 1995.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN / DSID; CMP: AHMP

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN / DSID, DGEMN / DREMN

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN / DSID; CMP: AHMP, Obras Públicas, n.º 2277, Vistorias, Livro 2º, fls. 365 - 365v.; IPA: ADP, Po - 1, 4ª série, n.º 327, fls 5v - 7v

Intervenção Realizada

Centro Social da Sé do Porto: 1976 / 1981 - Obras diversas; 1982 / 1983 - obras diversas; 1984 / 1985 - obras diversas; 1986 / 1987 - obras diversas; 1986 / 1988 - obras da creche e da lavandaria (junto à portaria); 1987 / 1988 - execução de instalações sanitárias; obras de ventilação e equipamento; 1988 / 1989 - obras no jardim-de-infância (3º piso); 1988 / 1989 - beneficiação e alteração do 4º piso; 1989 - beneficiação de espaços interiores; 1990 - obras de beneficiação das coberturas e pintura das fachadas; 1993 / 1994 - execução da ampliação do centro social; 2001 - substituição de algumas caixilharias exteriores.

Observações

*1 - A atribuição é feita por Joaquim Jaime Ferreira Alves, visto que o contrato de adjudicação da construção refere "no que respeita à obra que será feita pelas plantas assinaladas pelo muito reverendo beneficiado Crispim da Rocha, e regente e eles ditos mestres Manuel Fernandes e (...) e Manuel dos Santos Porto", embora não seja referido neste contrato como autor do risco das mesmas; *2 - Desta doação constava que se construiria no local, das casas e quintal, "um recolhimento capaz para melhor as recolhidas servirem a Deus, e todas aquelas mulheres que, arrependidas da má vida e costumes dissolutos do mundo, se quiserem reduzir e refugiar neste recolhimento." Destinava-o a mulheres "de idade de 15 até 30 anos e em parecidas, e que, por tais (serem), servissem de maior ruína das almas" e ainda todas iriam "reformar os escândalos que deram com o seu procedimento", aprendendo as virtudes cristãs, para o que seriam "regidas e governadas pelos Ilustres Senhores Bispos desta cidade, que por si e por seus ministros e oficiais governaram no espiritual e temporal, admitindo-as e despedindo-as, castigando-as como for justo (...)".

Autor e Data

Isabel Sereno 2001

Actualização

 
 
 
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